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O Hip Hop em Angola Sua Origem e Atualidade



Hip Hop é um Movimento Cultural que pode ser encontrado em 3 naturezas diferentes (Consciência Colectiva, cultura e produto), ela possui 10 elementos, uma declaração de Paz que possui 18 princípios e um Memorando de entendimento com 12 pontos que servem de código de conduta da cultura Hip Hop. comprometida com o desenvolvimento das comunidades em que está inserida e dos seus actores.

É uma Cultura composta por 10 elementos (Deejayin, Emeceein, Graffiti Art, Break Dance, Conhecimento/Street Knowledge, Street Fashion, Street Language, BeatBoxin, Street Entrepeneurialism e Saúde e Bem-estar).

Segundo klaudio Banthu reitor da Universidade Hip hop angola, uma organização sem fins lucrativos com a responsabilidade de divulgar a História os princípios conceitos e fundamentos da kultura Hip Hop de angola, a cultura Hip Hop em Angola não teve entrada restrita a um único grupo de pessoas, considerando que em diferentes pontos de Luanda e Angola a informação chegou ao mesmo tempo e por isto é difícil indicar o nome de todos os que foram os primeiros actores desta Cultura em Angola.  

Ela entra em Angola oficialmente no final dos anos 80 através do Break Dance tendo se massificado com a passagem do filme a Breakin Fúria da Dança em algumas salas de cinema nacional e posteriormente na TPA, primeiro em 1986 e a segunda em 1988.
No entanto alguns nomes ganharam destaque (Paulo Lukala, Robot Street, Nelboy Dastha Burdas, Kool Klever, Atitude T, SSP, Brown X e vários outros nomes...
Hoje existem duas grandes influências para o Movimento Hip Hop Nacional, a primeira é a midia, muito associado às estruturas criadas pela indústria sobre o conceito de sucesso baseado na exibição de bens sociais. A segunda é a realidade que se vive todos os dias na nossa sociedade, originando grandes letras para levar a reflexão sobre formas de humanização e busca pela justiça colectiva.

Para facilitar a identificação dos pioneiros do Hip Hop em Angola assim como a classificação dos membros da velha escola, durante o fórum de reflexão em torno do Movimento Hip Hop Angolano /2013 foi elaborado em conjunto por diferentes actores do Hip Hop nacional dentre eles (Activistas, Bloggers, Deejays, Emecees, GraffWriters) o Memorando de Entendimento do Hip Hop em Angola que indica que são considerados Pioneiros do Hip Hop em Angola as pessoas que participaram da primeira fase do Hip Hop que vai desde 1988 até 1993. São Old School aqueles actores que tenham mais de 20 anos desde o primeiro contacto com o Hip Hop e que tenham dedicado no mínimo 10 anos seguidos a este Movimento.

Falando sobre as características particulares do hip hop angolano, sabe-se que o  Hip Hop é uma Cultura polifónica que se adapta às regiões em que está inserida. Sendo assim a nossa realidade mostra que Angola tem um processo de absorção de culturas e hábitos alheios, sem que para isso adicione algum aspecto próprio da sua Cultura. Hoje o que nos deve facilitar para a identificação da música Rap nacional é o vocabulário próprio, o sotaque ou ainda em algumas raras excepções em que são introduzidos elementos das línguas nacionais.

Quanto aos elementos do hip hop o Emecee (MC) tem maior visibilidade por ser a voz do Movimento. Rap é a sonoridade musical da Kultura Hip Hop, o Emeceein é o elemento que controla a oralidade nesta Kultura. Mainstream e Underground são termos que não tiveram a sua origem na Kultura Hip Hop e que caracteriza a popularidade de um artista sendo que o Mainstream é aquele artista cujo grau de exposição lhe permite ser considerado popular e o Underground o artista que não teve este nível de exposição. Internamente na Kultura Hip Hop estes termos também passaram a ser associados ao compromisso social que os artistas têm. Ex: Underground (Preocupado com o desenvolvimento comunitário e não com uma grande exposição popular, levando o artistas a elaborar temas que vão de encontro o seu compromisso social). Mainstream/Comercial (Passou a designar aqueles artistas que demonstram uma clara vontade de se tornar popular, fazendo obras que podem garantir um maior número de seguidores e uma exposição fora do comum na midia acabando por elaborar músicas para consumo mediato.

A música Rap produzida em Angola ao longo dos tempos vem acompanhando a situação social do país. A primeira música oficial divulgada em rádios foi feita em período de campanha e o seu conteúdo assim refletia. Para os períodos a seguir tivemos uma reflexão dos grandes problemas que assolava a juventude assim como outras preocupações influenciadas pelas leituras e conversas que tinham. Hoje não é diferente, são refletidas nas letras das músicas de alguns Emecees a influência da nossa realidade (preocupações básicas dos cidadãos) mas em grande massa temos muitas músicas cuja letras têm influência do conceito de sucesso publicitado pela indústria através da midia (o que constitui a maioria). Quanto a sonoridade, outras tendências surgiram e os mais jovens têm experimentados. Não deixando de existir pessoas que conservam o Boom Bap mais profundo.

Na sequência de uma ex Coligação (Quartel D'Africa), que tendo terminada, alguns dos seus integrantes decidiram manter o espírito de partilha de informações e pontos de vistas sobre diferentes situações sociais. Decidiram então alargar esta ideia de partilha de conhecimento e passaram a usar um espaço cedido na comunidade do Ngola kiluange como centro de investigação onde se reuniram diferentes investigadores com variadas fontes de pesquisa para discussão de ideias que visam o empoderamento comunitário. Daí criaram a Universidade Hip Hop Angola, uma organização que tem a sua sede hoje transformada em uma biblioteca comunitária e centro de investigação científica ligada a Kultura Hip Hop e por isto, com uma postura itinerante as actividades são realizadas de acordo as parcerias formadas (Mediateca de Luanda, CCBA, Kings Club), mas são realizadas por baixo do Monumento Histórico Mulemba Waxa Ngola todos os terceiros sábados em cada mês com o evento ("CONVERSAS COM...")
Tem divulgado através de palestras, workshops e fóruns os princípios fundamentais da Kultura Hip Hop dando espaço para promoção dos 4 elementos núcleo da Kultura Hip Hop (Deejayin, Emeceein, Break Dance e Graffiti Art).

Para manter este movimento em pé a nível dos diferentes elementos são realizados eventos que promovem os elementos e o desenvolvimento destes. Para o Break Dance temos a (DMC, BILO BAILA, CONCURSO DOS ASTROS e BCR) Graffiti Arte NGOLA GRAFFITI "INVENCIBEL" pela Universidade Hip Hop; ANGOLA HIP HOP AWARDS pelo team AHHA; Assim como outros eventos que englobam todos os elementos Cultura Hip Hop: Celebração da semana de Apreciação da Kultura Hip Hop; Celebração do mês da Kultura Hip Hop.

O Hip Hop fora do nosso país tem dado grandes passos para 3 dos elementos núcleo (Break Dance, Graffiti Arte e Deejayin), continuam a decorrer outras actividade que os garantem maior exposição que nos anos anteriores com reportagem em direto dos grandes concursos regionais e mundiais. A qualidade dos conteúdos. da música Rap na sua maioria não apresenta a preocupação pelo desenvolvimento social ao contrário dá espaço para a sustentar o projeto de banalização do homem e da mulher, vulgarizando-os desde os conteúdos das letras até aos vídeos clips. Por outro lado, verificou-se o regresso de grupos como EPMD ou artistas como o Commom Sense que trouxeram músicas coerentes, preocupadas com a situação dos Afro-América.

Em conversa com Klaudio Banthu sobre o hip hop, afirmou que, em primeira instância devemos saber que Hip Hop é uma Cultura e como tal a sua grafia deve ser sempre com as iniciais maiúsculas. As linhas de orientação da Kultura Hip Hop são a busca pela paz, amor, união e diversão com responsabilidade; Sempre que estiver em discussão algum dos elementos da Kultura Hip Hop, deverão ser consultados os documentos que orientam esta Kultura (Declaração de Paz e Memorando de Entendimento).

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